Planeta COM ATMOSFERA

Trocas de Energia

Balanco na Superfície: \[ (1-r_s)(1-a_c) E + a_l\sigma T_a^4 = \sigma T_s^4.\]

Trocas de Energia

Balanco na Atmosfera: \[ a_cE + a_cr_s(1-a_c)E + a_l\sigma T_s^4 = 2a_l \sigma T_a^4.\]

Trocas de Energia

Balanco no Topo da Atmosfera: \[ E = (1-a_c)^2r_sE + (1-a_l)\sigma T_s^4 + a_l\sigma T_a^4. \]

Trocas de Energia

\[ (1-r_s)(1-a_c) E + a_l\sigma T_a^4 = \sigma T_s^4.\] \[ a_cE + a_cr_s(1-a_c)E + a_l\sigma T_s^4 = 2a_l \sigma T_a^4.\] \[ E = (1-a_c)^2r_sE + (1-a_l)\sigma T_s^4 + a_l\sigma T_a^4. \]

As variáveis são \(T_a\) e \(T_s\) logo bastam duas equações (a 1a e a 2a). A 3a equação é automaticamente consistente, na verdade ela é a soma da 1a com a 2a!!

TENTE FAZER!

Resolução:

As equações são (reescrevendo o 1o termo da segunda equação):

\[ (1-r_s)(1-a_c)E + a_l\sigma T_a^4 = \textcolor{red}{\sigma T_s^4}, \]

\[ a_c(1+r_s(1-a_c))E + a_l\textcolor{red}{\sigma T_s^4} = 2 a_l\sigma T_a^4.\]

Substituindo a 1a na 2a equação, temos:

\[ \underbrace{a_c(1+r_s(1-a_c))E + a_l(1-r_s)(1-a_c)E}_{\text{mantem este como está}} + \underbrace{a_l^2\sigma T_a^4 = 2a_l \sigma T_a^4}_{=(2a_l-a^2)\sigma T_a^4 = a_l(2-a_l)\sigma T_a^4}, \]

assim:

\[ T_a^4 = \frac{\left\{ a_c\left(1+r_s(1-a_c)\right)+a_l(1-r_s)(1-a_c)\right\} E}{a_l(1-a_l)\sigma}.\]

Resolução:

E para \(T_s\):

\[ T_s^4 = \frac{1}{\sigma}\left( \textcolor{red}{(1-r_s)(1-a_c)}E + \frac{a_c(1+r_s(1-a_c))+a_l\textcolor{red}{(1-r_s)(1-a_c)}}{2-a_l}E\right) = \] \[ = \frac{\textcolor{green}{(2-a_l)}\textcolor{red}{(1-r_s)(1-a_c)} + a_l\textcolor{red}{(1-r_s)(1-a_c)} + a_c(1+r_s(1-a_c))}{\textcolor{green}{(2-a_l)}\sigma} E = \] \[ = \frac{2(1-r_s)(1-a_c)+a_c(1+r_s(1-a_c))}{(2-a_l)\sigma}E.\]

Casos Particulares

Este caso é problemático, pois a nossa solução envolve divisões por \(a_l\). SEMPRE que se faz isso, assume-se que \(a_l\) não é zero explicitamente! Ao fazer \(a_l=0\) obtemos \(T_a = 0/0\) o que é uma indeterminação.

Na verdade o sistema de equações montado não contempla esta solução pois a 2a equação ficaria da forma: \[ 0 = 0 \sigma T_a^4, \] ou seja, qualquer valor de \(T_a\) resolve o problema. Uma atmosfera totalmente transparente não troca energias com o meio, logo ela pode ter qualquer temperatura!

Já a temperatura da superfície torna-se: \[ T_s^4 = \frac{1}{\sigma}(1-r_s)(1-a_c)E,\] como obtido no caso anterior do planeta sem atmosfera.

Casos Particulares

As temperaturas tornam-se:

\[T_a^4 = \frac{a_c + a_l(1-a_c)}{a_l(2-a_l)}\frac{E}{\sigma}, \qquad T_s^4 = \frac{2-a_c}{2-a_l}\frac{E}{\sigma}.\]

As temperaturas apenas dependem de \(E\), do coeficiente de absorpção de ondas curtas e de ondas longas.

Casos Particulares

\[ T_a = 257K = -15C,\qquad T_s = 288K = 15C.\]

\[ T_a = 277K = 4C,\qquad T_s = 291K = 18C.\] Aqui o efeito estufa está caracterizado pelo aumento do espalhamento atmosférico e pela absorção total das ondas longas.

Exercícios:

  1. Calcule os valores para os dois casos do Planeta Terra e confirme os resultacos acima.
  2. Varie a reflectância em ±10% do valor aceito e recalcule os valores de \(T_a\) e \(T_s\) para o caso Terra com núvens.
  3. Estime a temperatura de equilíbrio de um planeta cuja atmosfera absorva toda a radiação de ondas curtas, mas não absorva nada da radiação de ondas longas. Aqui calcule \(T_s\) primeiro. Ao calcular \(T_a\) veja o que ocorre. Pense que se \(a_l=0\) temos que a atmosfera não emite energia térmica com o meio.
  4. Faça o mesmo para um planeta cuja atmosfera absorva toda a radiação de ondas longas, mas não absorva radiação de ondas curtas. (Este seria um caso parecido com um planeta denso e quente como Vênus). Calcule \(T_s\) e \(T_a\)

Taxa de aquecimento/resfrieament radiativo

Considere uma camada atmosférica com:

  1. Ela tem base na altura \(z_1\) e topo na altura \(z_2\).
  2. A radiação que entra por cima (no topo, \(z_2\)) é: \(E(z_2)^{\downarrow}\).
  3. A radiação que sai por cima (na base, \(z_1\)) é: \(E(z_1)^{\downarrow}\).
  4. A radiação que entra de baixo (na base \(z_1\)) é: \(E(z_1)^{\uparrow}\).
  5. A radiação que sai de baixo (no topo, \(z_2\)) é: \(E(z_2)^{\uparrow}\).

Taxa de aquecimento/resfrieament radiativo

A conservação de energia nessa camada atmosférica é dada por: \[\Delta E = E_\text{entra} - E_\text{sai} = E(z_2)^{\downarrow} + E(z_1)^{\uparrow} - E(z_1)^{\downarrow} - E(z_2)^{\uparrow} = \] \[ = (E(z_2)^{\downarrow} - E(z_1)^{\downarrow}) - (E(z_2)^{\uparrow} - E(z_1)^{\uparrow}) = \] \[ = \Delta E^{\downarrow} - \Delta E^{\uparrow}.\]

Taxa de aquecimento/resfrieament radiativo

O termo \(\Delta W\) é o trabalho realizado sobre o sistema. Trabalho é \(F.x\), logo tem que haver deslocamento. Se a atmosfera for considerada estático (não aumentar ou diminuir de volume) então \(\Delta W = 0\), logo: \[ \Delta E_\text{int} = \Delta Q.\]

\[ \Delta E_\text{int} = \Delta Q = m c_p \Delta T.\]

Taxa de aquecimento/resfrieament radiativo

A massa é dada por \(m = V\rho = A\Delta z \rho\), onde \(A\) é a área da camada. Dividindo tudo por \(A\), transformamos \(E\) de J para J/m²: \[\Delta E_\text{int} = \Delta z \rho c_p \Delta T.\]

Para termos a variação no tempo e irmos de energia para fluxo de energia, precisamos dividir por um intervalo de tempo \(\Delta t\): \[\Delta I_\text{int} = \Delta z \rho c_p \frac{\Delta T}{\Delta t},\]

Taxa de aquecimento/resfrieament radiativo

\[\Delta I_\text{int} = \Delta z \rho c_p \frac{\Delta T}{\Delta t},\] onde \(I\) é agora em W/m², e é a mudança do fluxo radiante entre o topo e a base da camada. Finalmente, dividindo tudo por \(\Delta z\), temos:

\[ \frac{dI}{dz} = \rho c_p \frac{dT}{dt}.\]

O termo \(\frac{dI}{dz}\) representa o Divergente da radiância: \[\vv{\nabla}\cdot \vv{I} = \rho c_p \frac{dT}{dt},\] e na verdade é igual a equação da propagação do calor.

Exercício

  1. Considere o planeta do problema 4 acima, completamente opaca para as ondas longas (\(a_l=1\)), e inteiramente transparente para as ondas curtas (\(a_c=0\)). Sua superfície é de um corpo-negro (\(a_s=\epsilon=1\)) e tem reflectância \(r_s\).
    1. Expresse os valores de \(T_a\) e \(T_s\) no equilíbrio.
    2. Agora, mude a reflectancia para \(r_s=1\), qual seria o impácto na temperatura de equilíbrio?

Balanço Radiativo na Superfície

Na superfície ocorrem trocas de energia tanto radiativas quanto não-radiativas.

  1. O saldo de energia radiativa: \(q* = E_c^{\downarrow} + E_l^{\downarrow} - E_c^\uparrow - E_l^\uparrow.\)
  2. A troca turbulenta de calor sensível (ar quente/frio): \(H\).
  3. A troca turbulenta de calor latente (umidade que transforma em vapor e vice-versa): \(L_e\).
  4. O calor tracado por condução entre a superfície e o subsolo: \(G\).

Há ainda outras formas de troca de energia, vento, corpos aquáticos, …, mas esses são os básicos.

Balanço Radiativo na Superfície

A equação do balanço radiativo fica na forma:

\[ q* = H + L_e + G.\]

Balanço Radiativo na Superfície

As variáveis \(H\), \(L_e\) e \(G\) são derivadas das condições meteorológicas (temperatura, umidade, ventos, etc…) e de propriedades do solo (capacidade térmica da superfície, evapotranspiração, etc…).

Já o valor do saldo radiativo \(q*\) é normalmente medido empiricamente atraves de radiômetros:

Fazenda de cana - SP - Agosto - céu claro:

Fazenda de cana - SP - Agosto - céu nublado:

Simulado da Antártida:

Exercícios

  1. Qual a importância do albedo da superfície no balanço radiativo da superfície (saldo)? Para isso compare a Fig. da Antártida e da Fazenda de cana em dia nublado, e note que, a irradiância solar na Antártida é maior que na fazenda. Que componente do balanço é afetado?
  2. Como a cobertura de núvens modifica o balano de radiação em superfície? Elas são responsáveis por quais interações com a radiação solar? E com terrestre?